Taxa de inadimplência no aluguel cresce mais em imóveis de luxo

Com o aumento da inadimplência locatícia registrado em outubro de 2024, os dados do setor imobiliário revelam um panorama que preocupa locadores e administradoras. Segundo o Índice de Inadimplência Locatícia da Superlógica, os imóveis residenciais de alto padrão lideram o ranking, com taxas que chegam a 6,08% para casas com aluguel acima de R$ 13 mil. Em contraste, apartamentos com aluguel entre R$ 2 mil e R$ 3 mil apresentam a menor taxa, de 2,15%.

Nos imóveis residenciais, a maior taxa de inadimplência foi na faixa de aluguel acima de R$ 13.000 (5,52%), enquanto a menor foi de imóveis de R$ 2.000 a R$ 3.000 | Foto: Reprodução/Canva
Nos imóveis residenciais, a maior taxa de inadimplência foi com alugueis de luxo | Foto: Reprodução/Canva

A pesquisa, que analisou mais de 800 mil contratos em atraso por mais de 60 dias, trouxe à tona as disparidades entre os tipos de imóveis e regiões do Brasil. Além disso, o estudo aponta fatores econômicos e a falta de garantias locatícias profissionalizadas como os principais causadores dessa tendência.

Aluguel caro, inadimplência alta

Os imóveis de luxo, especialmente casas, enfrentam os maiores índices de inadimplência. Manoel Neto, diretor de Negócios da Superlógica, explica que o custo elevado de garantias como o seguro fiança desestimula os locatários a adotarem medidas preventivas. “Imagine que o seguro custa cerca de 10% do valor do aluguel. Para contratos acima de R$ 13 mil, esse percentual é um valor considerável, o que faz muitos optarem por alternativas menos seguras, como a caução ou o fiador não profissional”, detalha Neto.

A consequência é uma taxa de inadimplência maior entre os imóveis que dependem de garantias informais. No caso de apartamentos, a média de inadimplência subiu de 2,22% em setembro para 2,34% em outubro, enquanto para casas o aumento foi de 3,47% para 3,79%.

Imóveis comerciais e desigualdades regionais

O estudo também analisou imóveis comerciais, onde a inadimplência é mais expressiva na faixa de aluguel até R$ 1.000, atingindo 6,22%. Isso reflete a dificuldade de micro e pequenos negócios em manter compromissos financeiros, especialmente em um cenário econômico desafiador.

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No recorte geográfico, os estados do Norte e Nordeste lideram os índices de inadimplência, enquanto regiões economicamente mais fortes, como o Sul e o Sudeste, apresentam melhores resultados. Santa Catarina, por exemplo, registrou a menor taxa média de inadimplência (2,03%), devido à maior adoção de garantias profissionalizadas. Por outro lado, a Paraíba enfrenta uma taxa alarmante de 13,86%, evidenciando o impacto de questões macroeconômicas como o desemprego e o baixo PIB.

Por que a inadimplência preocupa?

A inadimplência locatícia não afeta apenas os proprietários, mas também o mercado imobiliário na totalidade. Com atrasos frequentes no pagamento de aluguéis, locadores enfrentam prejuízos financeiros diretos e maior dificuldade para renegociar contratos. Além disso, a percepção de risco pode reduzir o interesse de investidores em imóveis residenciais e comerciais, impactando a valorização de propriedades.

Para as administradoras, o aumento da inadimplência gera um custo operacional maior, uma vez que precisam destinar recursos à cobrança e renegociação de dívidas. A Superlógica alerta para a importância de soluções mais eficientes, como o uso de tecnologias para análise de crédito e a adoção de garantias locatícias mais robustas.

Soluções para reduzir a inadimplência

Manoel Neto reforça que a profissionalização das garantias locatícias é essencial para mitigar os riscos de inadimplência. Soluções como o seguro fiança e a análise de crédito detalhada podem ajudar a prever a capacidade de pagamento dos inquilinos e evitar problemas futuros.

Além disso, é fundamental que locadores e imobiliárias estejam atentos às condições econômicas de cada região e ajustem suas políticas de locação conforme o perfil do mercado local.

O que esperar do futuro?

Embora outubro tenha registrado uma leve alta na inadimplência, os números continuam entre os melhores do ano, ficando atrás de meses como fevereiro e abril, que registraram 3,86%. A expectativa é que o mercado imobiliário busque cada vez mais soluções tecnológicas e práticas para evitar atrasos no pagamento de aluguéis, especialmente em períodos de instabilidade econômica.

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