O ouro, tradicionalmente visto como um ativo de segurança em períodos de incerteza, registrou uma leve queda nesta segunda-feira (4). O metal fechou o dia com uma baixa de 0,11%, cotado a US$ 2.746,20 por onça-troy na Comex, a divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).
Mesmo operando em alta ao longo do pregão, atingindo um pico de US$ 2.757,50, o ativo encerrou em queda leve, refletindo um compasso de espera dos investidores diante de dois eventos que dominam as atenções do mercado: as eleições presidenciais nos Estados Unidos e a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre a política monetária, ambos com grande potencial de impactar a economia global e o valor do ouro.
Incertezas eleitorais impulsionam procura pelo ouro
A incerteza quanto ao resultado das eleições norte-americanas, com pesquisas indicando uma disputa acirrada entre a vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump, contribuiu para um aumento na demanda pelo ouro, procurado em momentos de insegurança política ou econômica. Tradicionalmente, é visto como um ativo de refúgio, e os investidores buscam segurança nele quando há turbulências nos mercados.
A proximidade das eleições cria um cenário de volatilidade. Conforme indica o ANZ Research, esse aumento recente na procura pelo ouro deve-se justamente ao clima de instabilidade que o pleito provoca. “Embora tenha ocorrido uma leve baixa hoje, as eleições americanas estão alimentando o apetite por segurança dos investidores nos últimos dias”, analisa o banco.
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Além disso, conforme aponta o Citi, o histórico mostra que o ouro tende a ter retornos negativos no curto prazo após eleições presidenciais nos EUA. Uma “liquidação de ouro pós-eleição é plausível, especialmente se houver uma vitória de Trump e uma onda de congressistas republicanos”, que, por política, defendem cortes fiscais que podem gerar um estímulo econômico e levar os investidores a apostar em ativos de maior risco.
Expectativa com o Fed e o impacto no ouro
Outro ponto que mantém o mercado em alerta é a expectativa de decisão do Fed nesta quinta-feira (7). Os investidores aguardam um possível corte de 25 pontos-base nos juros, que pode ser decisivo para o valor do ouro.
Quando as taxas de juros são baixas, ativos de refúgio tornam-se mais atrativos, pois a oportunidade de retorno em investimentos mais seguros, como os títulos públicos americanos, fica menor. Dessa forma, um corte por parte do Fed, somado à instabilidade eleitoral, poderia dar ao ouro um fôlego de valorização.
O Citi, em suas projeções, comenta que, mesmo com cortes nas taxas, a valorização do ouro a longo prazo é provável. O banco afirma que “os drivers de longo prazo para o ouro continuam fortes”, o que significa que fatores econômicos estruturais, como a inflação e o crescimento moderado da economia global, mantêm o ouro atraente para os investidores. Mesmo com uma possível baixa no curto prazo, devido à venda de posições logo após as eleições, o ouro pode se beneficiar no cenário de taxas reduzidas ou pausas nos aumentos do Fed.
A relação entre política americana e ouro
Historicamente, tem uma correlação interessante com períodos eleitorais nos Estados Unidos. A incerteza política costuma impulsionar seu valor, mas o comportamento do mercado após os pleitos pode variar segundo as políticas implementadas.
Caso Trump vença, há uma possibilidade de o metal sofrer uma liquidação, devido ao potencial estímulo econômico com cortes de impostos. Isso geralmente fortalece o dólar e reduz a atratividade do ouro, uma vez que a moeda forte pode desincentivar os investidores a procurar ativos de refúgio.
Por outro lado, uma vitória de Harris poderia manter ou até aumentar a atratividade do ouro, principalmente se houver continuidade nos programas de estímulo econômico. Essas medidas costumam aumentar a dívida pública e pressionar a inflação, elementos que favorecem o ouro como proteção contra a desvalorização da moeda.
O ouro como ativo de proteção em tempos incertos
Para os investidores, o ouro é uma reserva de valor que se destaca especialmente em períodos de instabilidade. A eleição americana de 2024, marcada por uma intensa polarização, reforça a busca por segurança, especialmente à medida que o resultado afeta diretamente políticas econômicas, como as taxas de juros, impostos e investimentos governamentais.
Embora o valor tenha recuado levemente nesta segunda-feira, analistas do mercado financeiro acreditam que a posição do metal continua fortalecida. As políticas do próximo governo e a decisão do Fed sobre os juros terão um peso importante para definir o comportamento do ouro nos próximos meses.
Dicas para investidores: como lidar com a volatilidade
Para quem está considerando investir, alguns aspectos podem ajudar a entender melhor esse tipo de investimento. Em períodos de incerteza, o metal tende a se valorizar, mas, como qualquer ativo, ele também é suscetível à volatilidade e ao impacto de políticas econômicas globais.
Especialistas sugerem que os investidores mantenham uma visão de longo prazo para o ouro, considerando sua função como proteção contra a inflação e desvalorização cambial. No curto prazo, o preço pode flutuar bastante, especialmente em resposta a eventos como eleições e decisões de política monetária.
Investidores também podem optar por produtos diversificados para se proteger da volatilidade do mercado. Outra dica é acompanhar os anúncios do Fed e o desenrolar das eleições americanas, pois esses eventos moldarão a demanda por ativos de segurança e o posicionamento dos grandes investidores globais.
Apesar da leve queda no fechamento de hoje, o ouro permanece um ativo estratégico em tempos de incerteza, como o período eleitoral dos Estados Unidos. A decisão sobre as taxas de juros do Fed também segue como um fator determinante, e a política econômica do novo governo poderá trazer ajustes importantes.
Para os investidores que procuram segurança e proteção de patrimônio, o ouro continua a ser uma opção valiosa, principalmente em tempos de incerteza e volatilidade, como o atual cenário político e econômico global.
