As vendas de veículos novos no Brasil registraram um recorde histórico em outubro de 2024, alcançando o maior volume em um único mês nos últimos dez anos. Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), foram comercializadas 264,9 mil unidades, incluindo carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Esse número representa um crescimento de 21,7% em relação a outubro do ano anterior e mostra que o setor automotivo brasileiro está cada vez mais próximo de retomar os níveis de antes da pandemia.
Este desempenho destaca uma recuperação importante para o setor, que, em meio aos desafios da pandemia e às dificuldades econômicas dos últimos anos, encontrou forças no aquecimento do mercado de trabalho, no aumento da renda e nas melhores condições de crédito. Desde dezembro de 2014, quando mais de 370 mil veículos foram vendidos em um único mês, o setor não registrava números tão expressivos como os de outubro de 2024.
Expansão nas vendas de veículos e fatores de crescimento
Em comparação ao mês anterior, os emplacamentos de veículos em outubro tiveram um aumento de 12,1%. Desde o início do ano, o acumulado de vendas também é positivo, com um crescimento de 15% e um total de 2,12 milhões de veículos novos licenciados de janeiro a outubro. Essa expansão no setor reflete uma série de fatores:
- Melhores condições de crédito: Com o aumento da taxa de aprovação de crédito, as concessões financeiras para a compra de veículos aumentaram. Segundo o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, as propostas de crédito para automóveis e comerciais leves têm sido aprovadas em uma média de 75%, o que impulsiona a confiança do consumidor em financiar veículos novos.
- Aquecimento do mercado de trabalho: O cenário econômico mais favorável, com empregos em crescimento e o aumento da renda familiar, têm contribuído para a maior disposição das famílias e empresas em investir na compra de veículos. Isso é especialmente relevante em um contexto em que a população busca modernizar seus meios de transporte, e as empresas, principalmente locadoras de veículos, renovam suas frotas para atender à demanda.
- Renovação de frotas das locadoras: Empresas de locação de veículos também tiveram um papel fundamental nesse desempenho, já que, para atender a uma demanda em alta, muitas delas decidiram renovar suas frotas. Esse movimento não apenas incrementa as vendas de automóveis, mas também cria um ciclo de valorização do mercado de seminovos, que absorve os veículos usados pelas locadoras.
Crédito acessível e impacto nas vendas
A acessibilidade ao crédito é um fator essencial para o crescimento no volume de vendas de veículos novos. Com a redução de restrições nas concessões e taxas de juros controladas, mais consumidores podem financiar a compra de carros, o que torna a aquisição de veículos novos uma opção viável para uma parte maior da população. De acordo com a Fenabrave, 75% das propostas de crédito foram aprovadas, o que facilita a compra e contribui diretamente para o aumento nas vendas.
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Além disso, a manutenção de taxas de financiamento em níveis aceitáveis, mesmo com a alta da taxa básica de juros (Selic) nos últimos anos, tem possibilitado que os consumidores mantenham seu poder de compra em um momento de recuperação econômica.
Esses índices positivos do setor automobilístico indicam que a oferta de crédito, aliada a uma economia aquecida, é capaz de sustentar o crescimento nas vendas e beneficiar diversos segmentos da indústria.
O retorno aos patamares pré-pandemia e expectativas para o futuro
O crescimento nas vendas de outubro é um marco que reflete a recuperação do setor automobilístico após a crise provocada pela pandemia de COVID-19. As montadoras e concessionárias enfrentaram momentos difíceis entre 2020 e 2022, quando as restrições econômicas e a escassez de componentes limitaram a produção e o consumo. Contudo, em 2024, o setor começou a retomar o ritmo com o qual operava antes da pandemia.
O presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, destacou o otimismo para o fechamento do ano, com uma previsão de crescimento de 15,1% nas vendas de veículos em 2024. Esse otimismo reflete a confiança das concessionárias e montadoras na continuidade do aquecimento do mercado e no fortalecimento da economia.
O desempenho do setor automotivo é um termômetro importante para a economia como um todo, pois ele influencia diretamente outras áreas, como a indústria de peças e acessórios, o mercado de seminovos, e os serviços de manutenção e seguro de automóveis. Esse crescimento nas vendas pode, portanto, gerar um impacto positivo em toda a cadeia econômica, impulsionando a criação de empregos e estimulando o consumo.
Considerações para consumidores e investidores
Para consumidores, as condições atuais são favoráveis para a aquisição de um veículo novo. Com a aprovação facilitada de crédito e as concessionárias mais abertas a negociações, este momento pode ser oportuno para quem deseja trocar de carro ou adquirir um novo modelo. No entanto, especialistas recomendam cautela na escolha de financiamento, considerando o impacto dos juros e da inflação nos pagamentos a longo prazo.
Para investidores, o crescimento do setor automotivo e a recuperação das montadoras podem ser uma boa oportunidade de investimento, principalmente em empresas do setor de autopeças, seguros automotivos e serviços de manutenção. Com as vendas em alta e o otimismo no setor, esses mercados devem se beneficiar do aumento da demanda, com perspectivas de valorização a médio e longo prazo.
O desempenho de outubro de 2024 coloca o setor automobilístico brasileiro em destaque, com o melhor resultado em uma década. Com o crédito acessível, o mercado de trabalho aquecido e a renovação das frotas, o setor alcança níveis próximos aos observados antes da pandemia, trazendo um impacto positivo para a economia e gerando otimismo para o próximo ano.
A continuidade desse crescimento dependerá, no entanto, de fatores como a manutenção das condições econômicas e a estabilidade nas políticas de crédito. Se o cenário permanecer favorável, a previsão de crescimento de 15,1% da Fenabrave pode ser superada, marcando um novo capítulo de recuperação para o setor automotivo no Brasil.