Real em queda: o que explica a desvalorização recorde frente ao dólar?

O real brasileiro encerra 2024 como a moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar entre as principais do mundo. Desde janeiro, a cotação do dólar saltou de R$ 4,85 para R$ 6,26, uma queda de 21% no valor do real. Mas por que isso está acontecendo e o que esperar para 2025?

Por que o dólar está tão valorizado?

A alta do dólar é um fenômeno global em 2024, reflexo direto das políticas monetárias do banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve). Após a pandemia, o Fed elevou os juros para controlar a inflação, tornando os títulos do Tesouro americano mais atraentes para investidores globais. Isso provocou um movimento de fuga de capitais de economias emergentes, como o Brasil, em direção aos Estados Unidos.

O alto valor do dólar e os requisitos para que brasileiros conquistem aberturas nos EUA, impactam diretamente na qualidade de vida | Foto: Reprodução/Canva financiamento calendário real
O impacto da alta do dólar refletirá diretamente no bolso do consumidor e na economia como um todo | Foto: Reprodução/Canva

Esse cenário global também foi impulsionado pela vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas. Com sua promessa de políticas protecionistas e de fortalecimento interno da economia americana, os mercados ficaram apreensivos, o que fortaleceu ainda mais o dólar.

O que torna o real mais vulnerável?

Embora a desvalorização seja um fenômeno global, o Brasil enfrenta problemas internos que agravam a situação. A inflação em alta, o baixo crescimento econômico e incertezas quanto à política fiscal são fatores que minam a confiança no real.

Em 2024, o governo Lula anunciou um pacote fiscal para equilibrar as contas públicas, mas o mercado reagiu com desconfiança, o que pressionou ainda mais a moeda brasileira. Mesmo com o aumento da taxa Selic para 12,25% ao ano, o temor de que a inflação neutralize os benefícios dos juros altos prejudica a atratividade do real.

Outro fator relevante foi a desaceleração da economia global, especialmente na China, um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Isso reduziu as exportações brasileiras, afetando ainda mais a balança comercial e contribuindo para a pressão sobre o câmbio.

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Como isso afeta os brasileiros?

A disparada do dólar tem impacto direto na vida da população. Produtos importados, como eletrônicos e itens industrializados, ficam mais caros, e viagens internacionais se tornam menos acessíveis. Além disso, o custo de insumos importados para a indústria nacional aumenta, o que pode ser repassado para o consumidor final, alimentando a inflação.

Outro ponto de atenção é a dívida externa de empresas e governos. Com o dólar em alta, o custo de financiamentos atrelados à moeda americana dispara, impactando a saúde financeira de diversos setores.

O que esperar de 2025?

A trajetória do dólar em 2025 dependerá de diversos fatores, tanto internos quanto externos. A política econômica do governo Trump será um dos principais influenciadores. Apesar de sua promessa de enfraquecer o dólar para favorecer exportações americanas, o mercado interpreta suas políticas como potencialmente inflacionárias, o que pode fortalecer ainda mais a moeda.

No Brasil, a credibilidade do governo em implementar medidas fiscais e monetárias eficazes será crucial. A aprovação de reformas estruturais pode melhorar a percepção dos investidores, estabilizando o câmbio. Contudo, a falta de consistência nessas ações pode prolongar a desvalorização do real.

A desvalorização recorde do real em 2024 é resultado de uma combinação de fatores globais e domésticos. Para 2025, a economia brasileira precisará superar desafios significativos para reconquistar a confiança do mercado. Enquanto isso, o impacto da alta do dólar continuará sendo sentido no bolso do consumidor e na economia como um todo.

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