Na última quarta-feira, 22 de janeiro, o dólar comercial encerrou o dia com forte queda, fechando a R$ 5,9465. Esse foi o menor valor registrado pela moeda americana em 2025, marcando a primeira vez que o dólar ficou abaixo de R$ 6 este ano.
A desvalorização de 1,4% foi influenciada por uma série de fatores internos e externos, incluindo uma correção natural do mercado e declarações feitas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impactaram a percepção dos investidores.
O que motivou a queda do dólar?
A forte queda do dólar nesta terça-feira, 22 de janeiro, pode ser vista como uma correção após um período de aumento constante da moeda, especialmente no final de 2024. Lucélia Freitas, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, explicou para o jornal Estadão que o recuo do dólar não deve ser interpretado como uma desvalorização abrupta, mas sim como uma “calibração” natural do mercado. Segundo ela, o dólar teve um aumento exponencial recentemente, e agora o mercado busca um ponto de equilíbrio.
A surpresa, no entanto, foi a magnitude dessa queda. “Esperávamos que o dólar ficasse próximo a R$ 6, mas hoje ele acabou rompendo essa barreira, o que é um movimento positivo”, afirmou Freitas. A especialista sugeriu que essa queda pode ser de curto prazo, sendo uma boa oportunidade para investidores aproveitarem o momento.
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Influência das declarações de Donald Trump
Além da correção do câmbio, outro fator importante que influenciou o mercado foi uma declaração de Donald Trump sobre a imposição de tarifas sobre produtos importados da China.
Em coletiva de imprensa realizada na terça-feira, Trump anunciou que estava discutindo uma tarifa de 10% sobre as importações chinesas, que entraria em vigor em 1º de fevereiro. Essa tarifa, no entanto, é bem abaixo dos 60% prometidos durante a campanha presidencial, o que, segundo analistas, diminui os temores de uma “guerra comercial” mais intensa.
Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, destacou ao Estadão que a expectativa de uma tarifa mais baixa diminui o risco de uma valorização ainda maior do dólar, o que pode ter ajudado a suavizar as tensões no mercado de câmbio.
“Essa questão das tarifas já causava uma grande incerteza nos mercados, especialmente no câmbio, mas com a mudança de tom de Trump, a pressão sobre o dólar diminui”, comentou.
Fatores internos também colaboraram para a queda
No cenário doméstico, a ausência de grandes novidades políticas também contribuiu para a valorização do real. Com o recesso parlamentar, o mercado ficou mais tranquilo e sem grandes surpresas no cenário interno.
Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos, observou durante entrevista ao Estadão que, em dias de otimismo para os ativos de risco, a queda do dólar pode ser explicada, em parte, por uma questão técnica. “Quando o dólar cai abaixo de R$ 6, ele perde uma barreira psicológica e muitos investidores se preparam para suas operações, o que provoca uma queda mais rápida”, afirmou Viotto.
O que acontece com o dólar nos próximos dias?
Apesar da queda significativa, o analista Fernando Bresciani ressaltou que o cenário do câmbio não deve mudar drasticamente a curto prazo. O Brasil segue com desafios internos, como as questões fiscais e a dificuldade em equilibrar as contas públicas, o que pode continuar a impactar a confiança dos investidores no médio e longo prazo.
Por outro lado, o Banco Central tem atuado para controlar a volatilidade do mercado. Em 2025, a autoridade monetária já realizou leilões de câmbio para ajudar a reduzir a pressão sobre o real. Na segunda-feira (20), o BC realizou dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra, totalizando US$ 2 bilhões. Isso ajuda a aumentar a oferta de dólares no mercado e diminuir a especulação sobre a moeda.
O dólar fechou ontem no seu nível mais baixo de 2025, abaixo de R$ 6, após uma correção natural e a suavização das tensões relacionadas às tarifas comerciais. Esse movimento pode ser encarado como positivo, refletindo um cenário de maior equilíbrio no mercado de câmbio.
No entanto, os investidores continuam atentos às movimentações internas e externas, especialmente as políticas monetárias e fiscais que podem impactar a economia brasileira nos próximos meses.
O cenário cambial segue instável, mas com a expectativa de uma maior estabilidade, ao menos no curto prazo. Para quem acompanha de perto os mercados, é importante observar as intervenções do Banco Central e as declarações internacionais, como as de Donald Trump, que continuam a influenciar a cotação da moeda americana.
Dúvidas comuns sobre o dólar
- Por que o dólar caiu? A queda foi causada por uma correção do mercado após um período de alta, além de declarações de Donald Trump sobre tarifas.
- O dólar continuará caindo? A expectativa é que o dólar permaneça estável no curto prazo, mas a incerteza fiscal no Brasil pode impactar a moeda.
- O que é a intervenção do Banco Central? O BC realiza leilões de câmbio para aumentar a oferta de dólares e reduzir a volatilidade do mercado.