Um estudo divulgado nesta terça-feira, 21 de janeiro, pela ACI Worldwide, empresa especializada em serviços de pagamento, aponta que as perdas com golpes no Pix podem chegar a R$ 12,22 bilhões até 2028, caso não sejam adotadas medidas eficazes de segurança.
Somente em 2023, as fraudes online no Brasil somaram R$ 2,2 bilhões, o que mostra a vulnerabilidade do sistema de pagamentos digitais no país. Atualmente, o Pix é utilizado por 76,4% da população brasileira, de acordo com dados do Banco Central (BC).
O Brasil ocupa a segunda posição em perdas projetadas entre os seis países analisados, e fica atrás apenas dos Estados Unidos, que podem registrar prejuízos de R$ 19 bilhões no mesmo período. Outros países incluídos no levantamento são Austrália (R$ 7 bilhões), Reino Unido (R$ 4,9 bilhões), Índia (R$ 3,3 bilhões) e Emirados Árabes Unidos (R$ 181,5 milhões).
Mesmo no cenário mais otimista, com melhorias no combate às fraudes, as perdas no Brasil devem aumentar 31,8%, alcançando R$ 7,5 bilhões até 2028. Em um cenário intermediário, o prejuízo pode chegar a R$ 9,6 bilhões.
Entre os golpes mais frequentes estão fraudes relacionadas a produtos e investimentos, golpes amorosos e boletos falsos. O estudo destaca ainda que o uso do Pix é mais comum entre pessoas de menor renda: 75% dos usuários ganham até dois salários mínimos, enquanto 69% estão na faixa de dois a cinco salários mínimos.
A urgência na adoção de soluções antifraude robustas é clara para evitar que o cenário se agrave ainda mais.
Destaques do estudo
A popularização da inteligência artificial (IA) generativa está tornando os golpes online cada vez mais sofisticados e difíceis de detectar. Segundo um estudo da ACI Worldwide, fraudadores têm utilizado ferramentas de IA para criar golpes mais convincentes, como ligações com vozes simuladas, e-mails de phishing avançados e esquemas complexos que enganam até mesmo usuários mais atentos.
Um dos principais desafios enfrentados pelo Banco Central (BC) na proteção do Pix é a possibilidade de transferências para múltiplas contas em tempo real, o que dificulta a recuperação de valores desviados em fraudes.
Apesar dos riscos, o relatório destaca medidas positivas que vêm sendo implementadas para reduzir os impactos das fraudes:
- Limites de transferência personalizados: usuários podem definir valores máximos para transferências com base em fatores como horário e localização, o que reduz a possibilidade de golpes de grandes montantes.
- Monitoramento comportamental e verificação de dispositivos: instituições financeiras utilizam análises de localização e comportamento para identificar atividades suspeitas e evitar transações fraudulentas.
- Compartilhamento de dados entre instituições: desde novembro de 2023, bancos e outras instituições financeiras são obrigados a registrar e compartilhar informações detalhadas sobre incidentes de fraude, permitindo ações coordenadas para prevenir novos golpes.
Fraudes no Pix desafiam sistema de pagamentos no Brasil
O Pix, sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central, transformou a maneira como brasileiros realizam transações financeiras, proporcionando rapidez e conveniência tanto para consumidores quanto para empresas. No entanto, essa inovação também trouxe desafios significativos para a segurança financeira, conforme apontado em um estudo recente da ACI Worldwide.
De acordo com o relatório, o Pix, amplamente adotado por 76,4% da população brasileira, tornou-se um alvo atrativo para fraudadores, devido à sua velocidade e simplicidade de uso. Os criminosos aproveitam brechas no sistema e a falta de conscientização de alguns usuários para aplicar golpes cada vez mais sofisticados.
Entre os tipos de fraudes mais comuns estão golpes relacionados a produtos e investimentos, boletos fraudulentos e até mesmo golpes amorosos. Essas práticas ilícitas geraram prejuízos de R$ 2,2 bilhões em 2023 e podem alcançar R$ 12,22 bilhões até 2028, caso medidas eficazes não sejam implementadas.
O relatório também destaca que a popularização do Pix é especialmente forte entre pessoas de menor renda, que, muitas vezes, são mais vulneráveis a fraudes. Cerca de 75% dos usuários do Pix têm renda de até dois salários mínimos.
Embora o Pix tenha “revolucionado” o mercado de pagamentos no Brasil, como descreve o estudo, os desafios para garantir a segurança e a confiança dos usuários continuam a ser uma prioridade urgente. A adoção de tecnologias antifraude e campanhas de conscientização são apontadas como caminhos para mitigar os riscos e preservar os benefícios desse sistema inovador.
Como identificar e se prevenir de golpes?
- Evite acessar links suspeitos recebidos por WhatsApp, SMS ou e-mail.
- Use senhas fortes em seus dispositivos e ative a autenticação em duas etapas. Nunca compartilhe suas senhas com outras pessoas. Essas práticas ajudam a proteger suas contas, como no WhatsApp, de serem clonadas e usadas por golpistas para enganar parentes e amigos.
- Antes de realizar compras online, confira se o site possui um certificado digital, identificado por links que começam com “https”.
- Não forneça informações pessoais por telefone. Criminosos podem usar esses dados para enviar links fraudulentos e tentar aplicar golpes.
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