Renda média de trabalhador brasileiro é de R$ 3.225, mas desigualdade regional persiste

Os trabalhadores brasileiros possuem um rendimento médio de R$ 3.225 por mês em 2024, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O valor representa um aumento de 3,7% em relação ao rendimento de 2023 e um crescimento acumulado de 10,1% desde 2012, quando a pesquisa começou a ser realizada. Apesar do avanço, os números evidenciam uma realidade desigual entre as regiões do país.

O avanço nos rendimentos dos trabalhadores brasileiros em 2024 é um indicativo positivo, mas os dados do IBGE deixam claro que a distribuição dessa melhoria é desigual | Foto: Reprodução/Canva
O avanço nos rendimentos dos trabalhadores brasileiros em 2024 é um indicativo positivo, mas os dados do IBGE deixam claro que a distribuição dessa melhoria é desigual | Foto: Reprodução/Canva

Diferenças salariais entre estados

A disparidade salarial entre os estados brasileiros é marcante. No Distrito Federal, por exemplo, os trabalhadores tiveram o maior rendimento médio do país em 2024, alcançando R$ 5.043. Já no Maranhão, estado com a menor média salarial, o valor foi de apenas R$ 2.049 — menos da metade do que se ganha em São Paulo (R$ 3.907), que tem o segundo maior rendimento.

Outros estados que figuram entre os maiores rendimentos incluem Paraná (R$ 3.758), Rio de Janeiro (R$ 3.733) e Santa Catarina (R$ 3.698). No extremo oposto, estados do Norte e Nordeste aparecem com os menores salários, como Ceará (R$ 2.071) e Piauí (R$ 2.203).

O que explica essas desigualdades?

O economista Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), explica ao G1 que a diferença salarial entre as regiões pode ser atribuída a três fatores principais:

  1. Nível de informalidade: estados do Norte e Nordeste apresentam altos índices de informalidade, o que impacta diretamente nos salários. Em 2024, sete estados registraram mais de 50% da população ocupada na informalidade: Pará, Piauí, Maranhão, Ceará, Amazonas, Bahia e Paraíba.
  2. Perfil econômico regional: estados com maior presença industrial, como São Paulo e Paraná, costumam oferecer empregos com melhor remuneração. Já estados cujo setor de serviços predomina e com baixa presença industrial tendem a pagar menos.
  3. Presença do setor público: o Distrito Federal lidera o ranking de rendimentos devido à concentração de cargos públicos federais e de alto escalão, que costumam oferecer salários mais elevados.

Crescimento salarial ao longo dos anos

Os dados do IBGE mostram que o rendimento médio dos trabalhadores brasileiros tem oscilado nos últimos anos, mas em 2024 atingiu o maior valor da série histórica (R$ 3.225). Em 2012, ano inicial da pesquisa, a média salarial era de R$ 2.929. Desde então, o pico foi registrado em 2014 (R$ 3.120), seguido por períodos de queda, como em 2021, quando a média chegou a R$ 2.901, refletindo os impactos da pandemia.

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Em 2023, o rendimento médio subiu para R$ 3.110, e o avanço de 2024 foi o maior em uma década, impulsionado por um mercado de trabalho mais aquecido e pela recuperação do poder de compra dos trabalhadores.

Políticas públicas para reduzir desigualdades

Apesar do aumento no rendimento médio, especialistas apontam que ainda há um longo caminho para reduzir as desigualdades regionais. Tobler defende a necessidade de políticas públicas com foco regionalizado, considerando as especificidades de cada estado:

“O Brasil é um país de tamanho continental, e as diferenças salariais refletem isso. Nem sempre uma política econômica pensada para o país como um todo vai funcionar de forma homogênea. O ideal é criar estratégias específicas para impulsionar setores produtivos em regiões menos desenvolvidas”, afirma.

A formalização do mercado de trabalho também é apontada como um caminho para melhorar os rendimentos nos estados mais pobres. Políticas que incentivem a industrialização e o fortalecimento de setores de maior valor agregado também são essenciais para reverter o cenário.

O avanço nos rendimentos dos trabalhadores brasileiros em 2024 é um indicativo positivo, mas os dados do IBGE deixam claro que a distribuição dessa melhoria é desigual. Enquanto estados como o Distrito Federal e São Paulo têm médias salariais elevadas, regiões do Norte e Nordeste ainda enfrentam desafios significativos, como alta informalidade e falta de indústrias. Para que o crescimento seja mais equitativo, é fundamental que governos e empresas invistam em soluções que contemplem as particularidades de cada região do país.

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