O preço da gasolina nas refinarias da Petrobras está, há cinco dias, acima do valor praticado no mercado internacional, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). A combinação da valorização do câmbio e a queda do preço do petróleo abaixo de US$ 80 por barril resultou em um cenário que favorece a importação de combustíveis e levanta questionamentos sobre possíveis ajustes no preço do combustível no mercado interno.
Cenário atual e suas implicações
A última vez que a Petrobras enfrentou uma situação semelhante foi em janeiro deste ano, quando o preço da gasolina nas refinarias brasileiras também superou o valor de referência internacional. Atualmente, a gasolina nas refinarias nacionais está 2% mais cara do que o preço praticado no Golfo do México, utilizado como base para comparação. Essa diferença, segundo a Abicom, poderia ser ajustada com uma redução de R$ 0,04 por litro para alinhar os preços à paridade internacional.
Essa alta no preço da gasolina abre uma “janela de oportunidade” para importadores, que podem trazer o combustível de fora do país a preços mais competitivos. Nos principais polos de distribuição da Petrobras, como Itaqui, Suape, Paulínia, Araucária e Itacoatiara, além da Refinaria de Mataripe, controlada pela Acelen na Bahia, o preço do combustível se mantém acima do praticado no exterior, o que pode pressionar a estatal a rever seus preços.
Volatilidade e previsões para o mercado
O preço do petróleo, particularmente do Brent, que serve de referência para os mercados globais, tem mostrado alta volatilidade nas últimas semanas. A commodity acumula uma queda de cerca de 3% no mês, refletindo previsões mais cautelosas para a demanda global. A resistência do Brent em avançar além dos US$ 80 por barril tem influenciado diretamente o mercado de derivados, incluindo a gasolina.
O último reajuste feito pela Petrobras no preço da gasolina ocorreu em 9 de julho, com uma redução de R$ 0,20 por litro. Desde então, a estatal tem mantido o preço estável, apesar das variações no mercado internacional. No entanto, a pressão por ajustes é crescente, especialmente à medida que a defasagem de preços se torna mais evidente.
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A Refinaria de Mataripe, operada pela Acelen e responsável por 14% do mercado de refino no Brasil, adota uma política de reajustes semanais, que reflete as oscilações do mercado. Na última quinta-feira, a empresa anunciou uma redução de 5,1% no preço da gasolina e de 2,7% no diesel, tanto no tipo S500 quanto no S10.
Expectativas para o diesel
Enquanto a gasolina enfrenta essa pressão por ajustes, o diesel, outro derivado importante, apresenta uma defasagem negativa de 4% em todos os polos de importação, conforme a Abicom. Essa diferença sugere a possibilidade de um aumento de R$ 0,14 por litro nas refinarias da Petrobras, caso a estatal decida alinhar os preços com o mercado internacional. O último reajuste do diesel pela Petrobras ocorreu em dezembro do ano passado, com uma redução de R$ 0,30 por litro.
A decisão da Petrobras sobre possíveis ajustes nos preços dos combustíveis será crucial para o mercado interno, especialmente em um momento em que as importações de gasolina se tornam mais viáveis. A manutenção dos preços acima do valor internacional pode gerar distorções no mercado e influenciar diretamente o consumidor final.