Dólar cai e bolsa fecha com alta de 0,64% à espera de juros

O mercado financeiro encerrou a semana em clima de otimismo, com o dólar caindo e a bolsa de valores registrando alta. Os investidores aguardam as decisões de política monetária dos Estados Unidos e do Brasil, o que tem influenciado diretamente os movimentos do câmbio e do mercado de ações.

O Federal Reserve (Fed) será o primeiro a anunciar sua decisão na quarta-feira (18), seguido pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá o futuro da Selic no Brasil.

Bolsa brasileira em alta e dólar em queda

O índice Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, fechou a sexta-feira (13) com alta de 0,64%, alcançando 134.881 pontos. A alta foi impulsionada pelo bom desempenho das bolsas de Wall Street e das principais praças europeias. Com isso, a bolsa brasileira acumulou uma valorização de 0,22% na semana.

Enquanto isso, o dólar encerrou o dia com queda de 0,89%, sendo negociado a R$ 5,56. Na semana, a divisa americana acumulou uma desvalorização de 0,39% frente ao real. Esse movimento foi favorecido pela expectativa de corte nos juros dos Estados Unidos, pois estimula a tomada de risco e impacta diretamente a cotação da moeda americana nos mercados globais, incluindo o Brasil.

Expectativas para as decisões de juros nos EUA e no Brasil

O mercado financeiro global está voltado para a decisão do Federal Reserve, marcada para a próxima quarta-feira (18). De acordo com a ferramenta FedWatch, da CME, há uma divisão entre os investidores sobre o tamanho do corte na taxa de juros que atualmente está entre 5,25% e 5,50%. As expectativas indicam uma probabilidade de 53% para um corte de 0,25 ponto percentual e de 47% para uma redução mais acentuada, de 0,50 ponto percentual.

No mesmo dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará sua decisão sobre a Selic, a taxa básica de juros do Brasil, que atualmente está em 10,50% ao ano. As apostas predominantes do mercado sugerem um aumento de 0,25 ponto percentual, com uma chance de 94% de que esse cenário se concretize, enquanto apenas 6% dos investidores acreditam em um aumento mais expressivo, de 0,50 ponto.

Essas expectativas vêm em um contexto de desaceleração da economia brasileira, conforme indicado pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). O índice mostrou uma contração de 0,4% em julho, menos do que a retração de 0,9% prevista pelos economistas, o que sugere uma economia ainda aquecida, mas em ritmo de desaceleração.

Impactos no mercado e perspectivas para a economia

A queda no rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA e a expectativa de cortes nos juros americanos abriram espaço para a valorização das ações de empresas cíclicas que são mais sensíveis às variações de juros. Essas empresas foram destaque na bolsa brasileira, contribuindo para o bom desempenho do Ibovespa.

No cenário doméstico, os dados do IBC-Br indicam uma economia ainda aquecida, apesar da desaceleração esperada para o segundo semestre. Economistas destacam que fatores como estímulo fiscal e o aumento da renda disponível continuam a beneficiar a economia brasileira, mas o ritmo de crescimento tende a ser moderado devido às condições monetárias ainda apertadas e ao alto nível de endividamento das famílias.

Leia também: Lula anuncia investimento de R$ 186,6 bilhões em tecnologia

Christian Iarussi, sócia da The Hill Capital, comenta que, embora a queda no IBC-Br tenha sido menor do que o previsto, não foi suficiente para dissipar as preocupações com a inflação. “A atividade econômica ainda está aquecida, o que pode pressionar a inflação no médio prazo”, afirma Iarussi.

Por outro lado, Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, aponta que a economia brasileira deve continuar a se beneficiar de estímulos fiscais, mas os desafios permanecem. “As condições monetárias apertadas e a incerteza política ainda são fatores que limitam o crescimento”, observa Ramos.

Perspectivas para os próximos dias

O foco do mercado agora está nas decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil que serão anunciadas na quarta-feira (18). Essas decisões terão um impacto significativo nos mercados globais, inclusive o Brasil. Um corte maior nos juros americanos pode aumentar ainda mais o apetite por risco dos investidores, levando a uma queda adicional no dólar e impulsionando a bolsa de valores.

No entanto, o cenário doméstico também será fortemente influenciado pela decisão do Copom. Um aumento mais moderado da Selic, como esperado pela maior parte do mercado, pode trazer alívio para os setores mais sensíveis a juros, enquanto um aumento mais agressivo poderia impactar negativamente o consumo e o crescimento econômico no curto prazo.

Nos próximos dias, os investidores continuarão atentos aos dados econômicos e às declarações dos principais bancos centrais, pois darão pistas sobre o rumo da política monetária global e seus impactos no mercado financeiro brasileiro.

Atualize-se.
Receba Nossa Newsletter Semanal

Sugestões para você