O preço dos alimentos continua sendo uma preocupação central para o governo federal. Em uma reunião realizada no Palácio do Planalto, na quinta-feira, 23 de janeiro, ministros e representantes discutiram possíveis estratégias para tornar os alimentos mais acessíveis aos consumidores.
Apesar das expectativas em torno de mudanças no sistema de prazos de validade como uma solução, o governo descartou essa possibilidade.
Reunião ministerial define prioridades
A reunião, convocada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, contou com a presença de Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, e Guilherme Melo, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. O objetivo foi debater formas de reduzir os preços dos alimentos e atender ao apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente reforçou o compromisso de sua gestão ao afirmar que o foco é “reconstrução, união e comida barata na mesa do trabalhador”. No entanto, detalhes sobre as medidas em estudo não foram divulgados. Uma nova reunião está prevista para ocorrer em breve, quando as propostas devem ser apresentadas ao presidente.
A polêmica sobre os prazos de validade
Uma das ideias sugeridas para a redução de preços veio da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). A entidade propôs a modernização do sistema de prazos de validade dos alimentos, implementando o conceito “Best Before” (melhor antes). Essa abordagem indicaria aos consumidores a data preferencial de consumo, ao invés de sugerir um descarte imediato após o vencimento.
O “Best Before” tem sido adotado em países como Estados Unidos e Reino Unido para evitar o desperdício de alimentos. No entanto, a proposta foi rejeitada pelo governo, com o ministro Paulo Teixeira enfatizando que a mudança nos prazos de validade “não está em cogitação”. A decisão reflete a preocupação em evitar confusões para o consumidor, que poderia interpretar a data de maneira inadequada, gerando insegurança no consumo.
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Inflação pressiona preços dos alimentos
A alta nos preços de alimentos e bebidas foi uma das principais responsáveis pela inflação de 2024, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O grupo acumulou uma alta de 7,69% nos últimos 12 meses, bem acima da inflação geral de 4,83%.
Essa elevação afeta diretamente a população de baixa renda, que dedica uma parcela significativa do orçamento mensal à alimentação. Como resultado, a busca por soluções para controlar os preços é uma prioridade do governo.
Estratégias em análise por parte do governo
Embora o governo tenha descartado a mudança nos prazos de validade, outras iniciativas estão sendo analisadas. Entre as possíveis estratégias, destacam-se:
- Incentivos à produção agrícola: aumentar o suporte aos pequenos e médios produtores para garantir maior oferta de alimentos.
- Redução de impostos: avaliar a carga tributária incidente sobre itens básicos da cesta alimentar.
- Fortalecimento de programas sociais: expandir o alcance de iniciativas como o Bolsa Família para garantir acesso à alimentação básica.
Essas ações, porém, demandam articulação entre diversos setores e análise do impacto fiscal, já que o orçamento público de 2025 enfrenta desafios significativos.
Impacto no consumidor
Para os consumidores, o cenário ainda é de alerta. O aumento dos preços dos alimentos exige planejamento financeiro e escolhas conscientes para driblar os efeitos da inflação. Segundo especialistas, é essencial comparar preços, priorizar alimentos de época e reduzir desperdícios em casa.
Apesar das dificuldades, a rejeição ao “Best Before” reforça a postura do governo de proteger o consumidor de possíveis ambiguidades no rótulo dos produtos. A intenção é evitar que a mudança, em vez de reduzir preços, acabe causando problemas como o aumento do desperdício ou insegurança alimentar.
O que esperar das próximas reuniões
A expectativa é que a nova reunião entre os ministros traga medidas concretas para aliviar o peso dos alimentos no orçamento das famílias brasileiras. Até lá, o governo segue em busca de soluções que atendam às demandas da população sem comprometer a saúde fiscal do país.
Com os alimentos desempenhando um papel crucial no custo de vida, o desafio é encontrar um equilíbrio entre políticas públicas eficazes e a proteção do poder de compra dos brasileiros.