A XP Inc., uma das maiores plataformas de investimentos do Brasil, reportou nesta terça-feira (19) um lucro líquido recorde de R$ 1,19 bilhão no terceiro trimestre de 2024, representando um crescimento de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior. A empresa manteve sua trajetória de resultados positivos, mesmo em um cenário de expectativas do mercado levemente acima do reportado.
Crescimento sólido e avanços financeiros
A XP apresentou uma receita líquida de R$ 4,32 bilhões, com um aumento de 5% em comparação ao terceiro trimestre de 2023. Apesar disso, o valor ficou um pouco abaixo das projeções de mercado, que estimavam R$ 4,36 bilhões, segundo dados da LSEG.
Outro destaque foi o fluxo de entrada de capital novo, que atingiu R$ 31 bilhões no trimestre, mais que o dobro dos R$ 14 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. Desses, R$ 25 bilhões vieram de investidores de varejo, com o restante oriundo de investidores corporativos.
No entanto, ao se considerar a aquisição do Banco Modal, concluída no ano passado por US$ 528,5 milhões, a entrada líquida total apresentou uma queda de 36% na comparação anual.
Base de clientes e eficiência operacional
A XP encerrou o terceiro trimestre com R$ 1,21 trilhão em ativos totais de clientes, um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior. A base de clientes ativos também cresceu 6%, alcançando 4,66 milhões.
No quesito eficiência, a empresa atingiu um índice de 35,5%, o melhor desde seu IPO em 2019, realizado na bolsa de valores dos Estados Unidos. Esse número reflete a relação entre custos e receitas da companhia, demonstrando uma gestão operacional cada vez mais eficaz.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROAE) subiu para 23%, um aumento de 38 pontos-base na comparação anual. Já o retorno sobre patrimônio tangível (ROTE), índice divulgado pela primeira vez, fechou em 28,4%, um desempenho, 258 pontos-base superior ao registrado no ano anterior.
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Planos e aquisição em potencial
Durante a divulgação dos resultados, o diretor de relações com investidores da XP, André Parize, foi questionado sobre um possível interesse na aquisição da operação brasileira do banco suíço Julius Baer, avaliada entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões. Parize não confirmou a negociação, mas afirmou que a empresa sempre avalia oportunidades com potencial de sinergia para seus negócios.
O Julius Baer contratou o Goldman Sachs para conduzir a venda de sua unidade no Brasil, mas ainda não há informações concretas sobre uma possível proposta da XP.
Estratégia consistente e desafios
Os resultados refletem a consolidação da XP como uma das líderes do setor financeiro brasileiro, apoiada por uma estratégia focada na diversificação de produtos e na expansão de sua base de clientes.
Contudo, os desafios permanecem. Apesar do lucro recorde, a empresa enfrentou uma leve pressão nas expectativas do mercado, principalmente com relação ao fluxo líquido de capital. Além disso, a redução anual nesse indicador reforça a necessidade de ajustes estratégicos, especialmente após grandes aquisições, como a do Banco Modal.
A XP demonstra resiliência e forte capacidade de adaptação em um mercado competitivo. Com indicadores robustos, como o crescimento de ativos de clientes e a eficiência operacional, a empresa reafirma sua posição como protagonista no mercado de investimentos brasileiro.
Os próximos passos, como possíveis aquisições e a gestão de capital, serão determinantes para manter o ritmo de crescimento e atender às expectativas do mercado e dos investidores. Para aqueles que acompanham o setor financeiro, os resultados da XP são um reflexo de como inovação, eficiência e foco em resultados podem gerar avanços sólidos, mesmo em cenários desafiadores.