O mercado de trabalho brasileiro inicia 2025 com sinais de desaceleração, segundo dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que serve como termômetro para os rumos do mercado de trabalho no país, registrou queda de 1,6 ponto em dezembro, fechando o ano passado com 78,3 pontos, o menor nível desde janeiro de 2024.
Queda do IAEmp reflete cautela no mercado
O IAEmp é composto por sete indicadores que medem as expectativas de empresários e consumidores sobre o mercado de trabalho. A queda em dezembro foi influenciada, principalmente, por dois fatores: o recuo de 1,2 ponto no indicador de Emprego Local Futuro do Consumidor e a redução de 0,6 ponto no indicador de Situação Atual dos Negócios da Indústria.
De acordo com Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, o ambiente macroeconômico desfavorável tem gerado cautela entre os empresários, afetando diretamente as expectativas de contratação.
“A melhora apresentada pelo indicador nos últimos meses perdeu força, indicando uma desaceleração no mercado de trabalho. Esse cenário é reflexo de uma piora nas condições econômicas gerais, que inibe o ímpeto de novas contratações”, destacou Tobler.
Cenário macroeconômico pressiona mercado de trabalho
O contexto econômico atual contribui para o aumento da incerteza no mercado de trabalho. A política monetária restritiva adotada pelo Banco Central, que elevou a taxa básica de juros (Selic) para 12,25% ao ano em dezembro, adiciona desafios ao cenário. Além disso, o Banco Central já sinalizou a possibilidade de mais dois aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões, o que pode intensificar a cautela dos empresários.
Com juros mais altos, o custo do crédito para empresas aumenta, reduzindo a capacidade de expansão dos negócios e, consequentemente, a criação de novos postos de trabalho. Esse ambiente econômico menos favorável tem impacto direto no desempenho de setores como a indústria e o comércio, que são motores importantes para a geração de empregos no Brasil.
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Expectativas para 2025 no mercado de trabalho
Embora o IAEmp mostre sinais de desaceleração, especialistas indicam que ainda não é possível prever uma tendência desfavorável definitiva para 2025. Tobler ressalta que o ritmo de recuperação pode ser mais lento ao longo do ano, especialmente se os desafios macroeconômicos persistirem.
Para os próximos meses, a atenção estará voltada à reação dos empresários às mudanças econômicas e às medidas do governo para estimular o mercado de trabalho. O aumento da taxa Selic, embora necessário para controlar a inflação, pode agravar a retração na geração de empregos, sobretudo em um cenário em que o crescimento econômico é modesto.
Setores em foco
A indústria e o consumo, que tiveram desempenhos mais fracos em dezembro, continuarão a ser os setores mais observados. A redução no indicador de Situação Atual dos Negócios da Indústria, por exemplo, aponta para dificuldades específicas no setor industrial, enquanto a queda no indicador de Emprego Local Futuro reflete o pessimismo entre os consumidores em relação ao mercado de trabalho em suas regiões.
Desafios e oportunidades
Apesar do cenário desafiador, o mercado de trabalho ainda pode apresentar oportunidades em setores estratégicos, como tecnologia, agronegócio e energia sustentável, que têm demonstrado resiliência mesmo em contextos econômicos adversos. Além disso, o foco em políticas públicas para a geração de empregos e o fortalecimento da economia local podem ajudar a mitigar os impactos da desaceleração.
Empresas que investirem em inovação e qualificação da mão de obra terão melhores chances de superar os desafios de 2025. O desenvolvimento de estratégias para atrair e reter talentos em um ambiente competitivo também será essencial para sustentar o crescimento.
A queda no IAEmp em dezembro é um alerta para os rumos do mercado de trabalho no Brasil em 2025. O cenário exige atenção por parte de empresários, governo e trabalhadores, que devem se preparar para um ano de desafios, mas também de possíveis oportunidades em setores específicos.
Com uma economia ainda pressionada por juros elevados e incertezas globais, a recuperação do mercado de trabalho dependerá de um equilíbrio entre políticas econômicas eficazes e a capacidade do setor privado de se adaptar às mudanças.