A Disney anunciou que fará mudanças em suas políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), agora com maior foco nos resultados comerciais da empresa. A informação foi divulgada em um comunicado interno de resultados, obtido pela Reuters, nesta terça-feira, 11 de fevereiro.
Essa mudança segue uma tendência de várias grandes empresas dos Estados Unidos, que estão ajustando suas políticas de DEI em resposta à pressão política contra esses programas, especialmente após a posse de Donald Trump.
Além disso, a Disney reavaliou a forma como lida com seus filmes antigos. Eles modificaram os avisos que antes explicavam representações estereotipadas, tornando-os mais simples e alertando apenas sobre “estereótipos ou representações negativas”.
A empresa também alterou o nome de seu programa “Reimagine Tomorrow”(Reimaginar o Amanhã), que originalmente tinha como objetivo promover a diversidade e a inclusão dentro da organização, para “MyDisneyToday” (Minha Disney Hoje), agora com foco em atrair novos talentos e fortalecer uma cultura inclusiva que se alinhe mais aos seus objetivos comerciais.
Outra mudança importante foi nos critérios de avaliação dos executivos. Antes, a empresa avaliava o aumento da diversidade entre os funcionários, mas agora a meta é promover os valores da Disney e criar um time que reflita a diversidade de seus consumidores ao redor do mundo.
Essas mudanças na Disney fazem parte de um movimento maior, onde outras empresas como Google, Meta e Amazon também começaram a revisar suas políticas de DEI. Isso acontece após o governo Trump, em 2024, iniciar um movimento para diminuir essas políticas tanto no setor público quanto privado.
Em 2023, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu derrubar programas de ação afirmativa nas universidades, o que aumentou a pressão para que empresas privadas também reavaliassem seus programas de diversidade.
Empresas que abandonaram políticas de diversidade
O início do segundo governo de Donald Trump (Partido Republicano), várias empresas que se comprometeram com políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) planejaram uma revisão ou até mesmo abandonar essas iniciativas.
Esse movimento não foi apenas uma escolha interna, mas uma ocorrência às pressões políticas, sociais e legais da época, que mudaram o cenário em quais essas empresas atuavam.
Com o governo Trump, muitas dessas empresas começaram a dar menos atenção às iniciativas de diversidade, em resposta ao ambiente mais conservador que se localizava.
Veja um panorama de quais são essas empresas:
1. Deloitte
A Deloitte, uma das maiores consultorias do mundo, disse que sua principal preocupação era garantir o cumprimento das leis, tanto como empresa privada quanto como contratante do governo. Isso significa que, ao operar em um cenário onde as normas de diversidade podem ser vistas com mais desconfiança, a Deloitte teve que ajustar suas políticas para continuar fazendo negócios com o governo sem infringir nenhuma regra.
2. Google
O Google também mudou sua abordagem, dizendo que queria criar um “ambiente de trabalho onde todos possam ter sucesso e oportunidades iguais”, mas sem dar tanta ênfase às políticas de diversidade como antes. Em vez de ações afirmativas específicas, como programas de recrutamento para minorias, a empresa passou a focar em um ambiente mais inclusivo de forma geral.
3.Target
A Target explicou que você precisa “acompanhar o cenário externo em mudança”, o que mostra que a empresa está atenta às mudanças políticas e sociais e precisa ajustar suas políticas internas para se alinhar com novas demandas e expectativas. Embora ainda preze pela inclusão, a empresa agora se preocupa mais em se adaptar às pressões do mercado e do governo.
4. Meta
A Meta (antigo Facebook) revelou que o “panorama jurídico e político” nos EUA estava mudando, o que indicava que suas políticas de diversidade precisariam ser compensadas diante do novo cenário político. A empresa ajustou suas práticas em resposta às mudanças legais e políticas que se tornaram mais evidentes no governo Trump.
5. Amazon
A Amazon, por sua vez, anunciou o “encerramento de programas e materiais desatualizados”, o que pode indicar a descontinuação de alguns dos seus projetos de diversidade que, antes, eram focados em ações afirmativas e na promoção de uma cultura mais inclusiva. Esse movimento pode ser interpretado como uma tentativa de simplificar as operações da empresa e evitar possíveis complicações legais em um ambiente político mais conservador.
6. McDonald’s
No setor alimentício, o McDonald’s declarou que sua prioridade seria “uma discussão mais integrada com os fornecedores sobre a inclusão”, com foco no desempenho dos negócios. Isso significa que a inclusão será tratada mais como um aspecto corporativo que pode impactar diretamente o sucesso e os lucros da empresa, e menos como um objetivo social que deve ser impulsionado por políticas internas fortes de diversidade.
7. Walmart
O Walmart (uma das maiores redes de varejo do mundo, com presença global, oferecendo uma vasta gama de produtos, desde alimentos até eletrônicos) também demonstrou sua disposição para ajustar suas práticas, dizendo que estava mudando “junto com nossos associados e clientes”.
Isso sugere que a empresa quer alinhar suas políticas com as demandas e expectativas de seus clientes e funcionários, que podem estar mais inclinados a apoiar ou criticar as iniciativas de diversidade dependendo do clima político em vigor.
8. Ford, Lowe’s e Brown-Forman
A Ford (montadora de automóveis), a Lowe’s (uma rede de lojas de materiais de construção e produtos para o lar) e a Brown-Forman (uma produtora de bebidas alcoólicas) apontaram que o “ambiente externo e legal” estava mudando, o que exigiu uma revisão nas suas políticas internas.
Esse movimento pode ser visto como uma forma de se proteger de possíveis repercussões jurídicas, ao mesmo tempo em que as empresas tentam acompanhar as transformações políticas em curso. A Brown-Forman, em particular, reconheceu que o cenário “mudou drasticamente”, indicando que suas estratégias de diversidade precisavam ser reavaliadas à luz dessas mudanças externas.
9. Harley-Davidson, John Deere e Tractor Supply
Harley-Davidson (fabricante de motocicletas), John Deere (fabricante de equipamentos agrícolas e de construção) e Tractor Supply (varejista de produtos para fazendas e atividades rurais) foram mais diretas ao afirmar que suas políticas de diversidade nunca foram centradas em ações afirmativas, como cotas de diversidade ou a identificação de pronomes.
Essas empresas foram mais cautelosas com as questões de diversidade desde o início, e estão agora adotando uma postura mais pragmática, como uma forma de resposta à pressão externa. A Tractor Supply, por exemplo, mencionou ter ouvido feedback de clientes que estavam decepcionados com suas políticas de inclusão, e que levaram esse feedback a sério. Isso demonstra uma preocupação com a opinião pública e a adaptação às expectativas dos consumidores.
Adaptação ao novo momento político
Essas mudanças nas políticas de diversidade refletem um movimento de adaptação das empresas a um ambiente político que se tornou mais hostil a práticas que consideram ser de “exclusão positiva” ou “identidade de gênero”.
Sob o governo Trump, muitas dessas empresas precisaram repensar suas abordagens para a diversidade, talvez com medo de retaliações legais ou de perder apoio de certos grupos de clientes e funcionários. Em resumo, estamos vendo uma reconsideração das estratégias de DEI, com as empresas ajustando suas políticas para se alinhar melhor com a mudança de clima político e jurídico nos Estados Unidos.
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