O aumento do preço do ovo chamou a atenção dos consumidores nas últimas semanas, com elevações tanto no atacado quanto no varejo.
Especialistas afirmam que a alta tem um fator sazonal, impulsionado pela demanda maior no período da Quaresma (tradição do cristianismo que começa com o término do Carnaval e é marcada por práticas de penitência, como o jejum e obras de caridade), quando há redução no consumo de carnes vermelhas.
A tendência, porém, é que os preços continuem elevados nos próximos meses e só se normalizem após o fim do período religioso — que neste ano se encerra em 17 de abril —, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em nota divulgada nesta terça-feira, 18 de fevereiro.
A inflação das aves e ovos subiu 1,69% em janeiro, conforme dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 12 meses, a alta acumulada já chega a 7,84%.
No atacado, o aumento foi ainda mais expressivo. Dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostram que os preços subiram 40% na última semana.
“Após um longo período de baixa, a comercialização de ovos foi impulsionada pela demanda típica da Quaresma, quando consumidores substituem as carnes vermelhas por proteínas brancas e ovos”, afirmou a ABPA.
A Abras reforçou essa análise em nota divulgada no fim de semana. “As empresas já haviam programado o abastecimento das lojas para a Quaresma, mas a oferta reduzida e os aumentos frequentes preocupam o setor”, declarou em nota, Marcio Milan, vice-presidente da entidade.
A associação também destacou que a alta pode estar ligada à substituição de proteínas pelos consumidores diante do encarecimento das carnes.
Em 2023, os preços das carnes foram um dos principais fatores da inflação alimentar, com alta acumulada de 20,84%, segundo o IPCA.
O movimento continuou em janeiro, quando a inflação das carnes subiu 0,36% e registrou um aumento acumulado de 21,17% nos últimos 12 meses.
Aumento dos custos e impacto do calor extremo
A ABPA também destacou que o aumento dos custos de produção dos ovos nos últimos oito meses tem sido um dos fatores responsáveis pelo aumento dos preços.
Conforme a entidade, o valor do milho teve um acréscimo de 30%, enquanto os custos com insumos para embalagens mais que dobraram, instruções ainda mais o setor.
Outro fator que contribui para a alta dos preços é a onda de calor que afeta diversas regiões do país, rapidamente a produtividade das aves e impactando a oferta de ovos no mercado.
As características climáticas, características de temperaturas elevadas durante um longo período, devem persistir até o dia 24 de fevereiro, segunda interferência.
A ABPA também ressaltou que as exportações de ovos têm influência mínima na disponibilidade do produto no mercado interno.
“Atualmente, menos de 1% dos 59 bilhões de unidades previstas para produção neste ano são destinadas à exportação. Com isso, o consumo per capita deve atingir 272 ovos por ano, um número mais de 40 unidades superior à média mundial”, afirmou a entidade.
Crise do ovo nos EUA: cartela já custa R$ 60 reais
O preço dos ovos disparou nos EUA, com uma dúzia chegando a US$ 10,65 no Walmart (multinacional de lojas de departamento), o equivalente a R$ 61,37. A alta, que começou no fim de 2024, se deve a um surto de gripe aviária que matou mais de 40 milhões de galinhas e reduziu a oferta.
A demanda também segue elevada há mais de 20 meses, agravando o cenário. Entre novembro e janeiro, mais 25 milhões de aves foram afetadas, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), órgão responsável por regulamentar e fiscalizar a produção agropecuária no país. Como resultado, os preços subiram 14% e podem aumentar mais 20% em 2025.
O impacto levou supermercados como Costco e Trader Joe’s a limitarem a venda de ovos. A rede Waffle House impôs uma taxa extra de 50 centavos por unidade. A escassez gerou até casos de roubo de estoques.
Leia também: JBS compra 50% da Mantiqueira, líder em produção de ovos