Apple suspende recurso de IA após erros em resumos de notícias

A Apple decidiu parar de usar um novo recurso de inteligência artificial (IA) depois de receber críticas por erros frequentes nos resumos de manchetes de notícias. O recurso enviava notificações que pareciam vir de aplicativos de notícias, mas continham informações erradas, o que gerou pressão para que a empresa o desativasse.

Um porta-voz da Apple disse que a empresa está trabalhando para corrigir os problemas e que essas melhorias serão incluídas em uma próxima atualização do software.

Apple suspende recurso de IA devido a falhas em resumos de notícias.
Apple enfrenta críticas por erros em tecnologia de IA enquanto trabalha em inovações como comunicação via satélite para o Apple Watch  |Foto: Reprodução/Getty Images

O grupo Repórteres Sem Fronteiras (RSF) demonstrou preocupação com os perigos de lançar novas tecnologias sem estarem bem preparadas. Eles destacaram, em uma declaração, que a inovação não pode colocar em risco o direito das pessoas de receberem informações confiáveis.

Vincent Berthier, da RSF, afirmou que o recurso só deve ser usado novamente quando for garantido que não há risco de divulgar manchetes erradas.

Quais jornais se manifestaram?

A BBC foi uma das organizações que levantou preocupações sobre um novo recurso da Apple, depois que a inteligência artificial (IA) enviou, por engano, um alerta dizendo que Luigi Mangione, acusado de matar o CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, havia cometido suicídio. Além disso, o recurso gerou resumos errados de manchetes de fontes como Sky News, New York Times e Washington Post, segundo jornalistas e usuários nas redes sociais.

Jonathan Bright, especialista em IA do Instituto Alan Turing, comentou que as empresas de tecnologia enfrentam pressão para lançar novos recursos rapidamente. Ele explicou que as chamadas “alucinações” da IA — quando ela cria informações falsas — são um problema real. Até agora, as empresas dependem principalmente de supervisão humana, pois não possuem formas seguras de evitar esses erros.

Bright também alertou que esses problemas não só espalham desinformação, mas também enfraquecem ainda mais a confiança das pessoas na mídia.

Grupos de imprensa e organizações de comunicação pediram que a Apple cancelasse o recurso, dizendo que ele não estava pronto e que os erros da IA aumentavam os problemas de desinformação e falta de confiança nas notícias.

Em dezembro, a BBC apresentou uma reclamação formal à Apple. A empresa respondeu em janeiro, prometendo uma atualização de software para explicar melhor como a IA cria os resumos. Esses resumos seriam opcionais e disponíveis apenas para usuários com os modelos mais recentes de iPhone. No entanto, essa resposta foi criticada, com muitas pessoas dizendo que a Apple não estava fazendo o suficiente para resolver o problema.

A empresa foi acusada de espiar funcionários

Além das reclamações por falha nos resumos de AI, a Apple também passou por um episódio polêmico em em 2024, após um funcionário fazer denuncias sobre possíveis violações de privacidade no ambiente de trabalho.

Amar Bhakta, funcionário da Apple, afirma que a empresa exige que seus colaboradores instalem softwares em dispositivos pessoais, permitindo acesso a informações sensíveis, como e-mails, fotos e dados de saúde. Ele também acusa a empresa de criar um ambiente de medo, ao impedir discussões abertas sobre salários e condições de trabalho.

A ação judicial, apresentada no tribunal estadual da Califórnia, aponta que as rigorosas políticas de confidencialidade da Apple limitam a liberdade de expressão dos funcionários. Essas políticas restringiriam discussões sobre temas como salários, benefícios e condições de trabalho, além de proibir entrevistas relacionadas às funções desempenhadas na empresa.

Bhakta relata que, desde que começou a trabalhar na Apple, em 2020, foi instruído a não participar de podcasts comentando sobre suas atividades profissionais e a remover do LinkedIn informações que pudessem ser interpretadas como críticas à empresa.

De acordo com o processo, essas práticas criam um ambiente opressivo, restringindo a liberdade dos funcionários de compartilhar suas experiências e levantando preocupações sobre a privacidade e a cultura organizacional da Apple.

O documento afirma que as políticas de vigilância da empresa desestimulam denúncias de irregularidades, restringem a liberdade de movimentação no mercado de trabalho e limitam a concorrência.

A Apple, por meio de um porta-voz, negou as acusações, alegando que elas são infundadas. A empresa afirmou que seus funcionários são treinados anualmente sobre os direitos de discutir suas condições de trabalho e destacou seu compromisso em proteger as criações desenvolvidas por suas equipes para os clientes.


Apple planeja comunicações via satélite para smartwatch em 2025

Apesar das polêmicas, a empresa segue com o processo de inovações, uma vez que planeja adicionar conexões via satélite ao seu smartwatch em 2025 e está acelerando o desenvolvimento de um recurso para monitoramento de pressão arterial.

O recurso de satélite deverá ser lançado na próxima versão do Apple Watch Ultra, permitindo que os usuários enviem mensagens mesmo sem conexão com celular ou internet, segundo fontes próximas ao projeto.

A comunicação via satélite foi introduzida pela Apple nos iPhones em 2022. Em novembro, a empresa investiu US$ 1,5 bilhão na provedora de satélite Globalstar (GSAT.A) para expandir os serviços de comunicação via satélite para o iPhone.

A ferramenta de monitoramento de pressão arterial também pode ser lançado em 2025, conforme o relatório.

A Apple tem se dedicado a adicionar mais funcionalidades focadas em saúde aos seus dispositivos. Em setembro, a empresa apresentou um novo smartwatch capaz de detectar condições de saúde de longo prazo, como apneia do sono, e auxiliar em situações de emergência.

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