O mês de setembro de 2024 é marcado por uma série de decisões importantes sobre a política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o que tem influenciado as recomendações de investimentos no mercado de ações. Dentre as principais que são recomendadas, Itaú Unibanco, Petrobras e Banco do Brasil se destacam como as preferidas dos analistas, com quatro indicações cada.
Principais recomendações
Segundo as análises de cinco instituições financeiras consultadas pela CNN, as ações do Itaú Unibanco, Petrobras e Banco do Brasil lideram as recomendações para setembro. Os papéis dessas empresas foram destacados por Santander, BTG Pactual, XP Investimentos, EQI Research e Guide Investimentos como opções sólidas diante do cenário econômico atual.
Além dessas, outras ações como PetroRio (Prio), Cyrela, Eletrobras, Vivara e Equatorial receberam três recomendações cada, enquanto Sabesp, JBS, Vale, Rede D’Or, Rumo e Marcopolo foram citadas duas vezes entre as principais apostas.
Cenário econômico e decisões de juros
O cenário de setembro é influenciado pela expectativa de uma possível alta na taxa Selic durante a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, marcada para os dias 17 e 18. Esse possível aumento pode beneficiar setores como bancos, instituições financeiras, óleo, gás, petroquímicos, e também as empresas de energia e saneamento, de acordo com análise da XP Investimentos.
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Em contrapartida, setores como papel e celulose, educação e imobiliário podem enfrentar desafios com a alta dos juros, o que levou a XP a retirar a Suzano de suas recomendações e adicionar Equatorial e JBS.
Impactos da política fiscal e monetária
A expectativa de aumento dos juros no Brasil contrasta com as políticas do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que indicou possíveis cortes nas taxas até o final do ano. Esse movimento pode atrair mais investimentos estrangeiros para o mercado brasileiro, o que já tem sido observado nos últimos meses. Em agosto, por exemplo, houve um fluxo positivo de R$ 10 bilhões de capital estrangeiro para a bolsa brasileira.
Entretanto, a incerteza sobre a política fiscal brasileira, apesar dos recentes bloqueios orçamentários, ainda preocupa o mercado. O governo federal, sob a liderança do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, bloqueou R$ 15 bilhões do orçamento em julho para garantir o cumprimento do novo arcabouço fiscal, mas a medida não foi suficiente para eliminar os receios do mercado sobre as contas públicas.
Perspectivas para o mercado de ações
Com o Ibovespa registrando um avanço de 6,5% em agosto, impulsionado pela entrada de capital estrangeiro, o mercado de ações brasileiro entra em setembro com um sentimento de neutralidade. O índice de sentimento XP Bull & Bear, que mede o otimismo dos investidores com a bolsa, apontou 51 pontos, indicando uma perspectiva neutra para o mês.
Os analistas continuam monitorando as decisões do Banco Central, especialmente com a possível aprovação de Gabriel Galípolo como novo presidente da instituição. Sua liderança pode iniciar um novo ciclo de aumento nas taxas, o que, segundo o BTG Pactual, pode restaurar parte da credibilidade do Banco Central e fortalecer o real, mas também desiludir investidores se ocorrerem enquanto o Fed estiver reduzindo as taxas nos Estados Unidos.
Para investidores, setembro traz desafios e oportunidades, com um cenário volátil que pode beneficiar setores específicos e penalizar outros. As recomendações de ações refletem essa cautela, destacando empresas que podem se sair bem mesmo em um ambiente econômico desafiador.