O Banco Central (BC) revelou que desde o final de julho de 2024, R$ 8,56 bilhões em recursos esquecidos permanecem sem ser retirados por correntistas e empresas. Esse valor faz parte dos montantes identificados pelo Sistema de Valores a Receber (SVR), que desde sua reabertura, já devolveu R$ 7,67 bilhões dos R$ 16,23 bilhões disponíveis nas instituições financeiras.
Lançado em fevereiro de 2022, o SVR visa permitir que brasileiros recuperem valores esquecidos em contas bancárias inativas, cooperativas de crédito, consórcios encerrados e outras fontes. No entanto, até o fim de julho, apenas 32,8% dos 67,6 milhões de correntistas identificados resgataram seus valores.
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O sistema já devolveu dinheiro para 22,2 milhões de beneficiários, sendo a maioria, 20,6 milhões, de pessoas físicas, enquanto 1,6 milhão de pessoas jurídicas já fizeram o resgate.
Pequenos valores dominam
A maior parte dos valores esquecidos são pequenos montantes. Quase dois terços (63,01%) dos beneficiários têm direito a quantias de até R$ 10. Outros 25,32% possuem valores entre R$ 10,01 e R$ 100, enquanto 9,88% têm a receber entre R$ 100,01 e R$ 1 mil. Apenas 1,78% dos correntistas tem valores superiores a R$ 1 mil para retirar.
Em julho de 2024, os resgates somaram R$ 280 milhões, um aumento em relação ao mês anterior, quando foram sacados R$ 270 milhões. Esses números indicam um aumento no uso do sistema, mesmo que ainda exista uma grande parte da população que não acessou seus recursos disponíveis.
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Novidades e facilidades no SVR
Após um período fora do ar, o Sistema de Valores a Receber foi reativado em março de 2023, trazendo melhorias importantes. Entre as novidades, destaca-se a possibilidade de imprimir telas e protocolos de solicitação para compartilhamento, além de uma sala de espera virtual, que elimina a necessidade de agendamento por ano de nascimento. Agora, todos os usuários podem consultar seus valores no mesmo dia.
Outra adição importante é a possibilidade de consulta de valores pertencentes a pessoas falecidas. Herdeiros, inventariantes ou representantes legais podem acessar o sistema e verificar a instituição responsável pelo valor, bem como a faixa de valor disponível. Esse processo proporciona mais transparência, permitindo que os titulares de contas conjuntas também acompanhem as informações sobre quem solicitou o resgate.
Expansão para empresas encerradas
Desde o início de setembro, o Banco Central ampliou o acesso ao SVR para empresas que tiveram o CNPJ encerrado. Anteriormente, o resgate para essas entidades era mais complicado devido à falta de certificado digital. Agora, representantes legais podem acessar o sistema com uma conta pessoal do Gov.br (nível ouro ou prata) e consultar os valores com a assinatura de um termo de responsabilidade.
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Além dessa novidade, o sistema também engloba outras fontes de recursos incluídas recentemente, como contas de pagamento pré ou pós-pagas encerradas, contas de corretoras e distribuidoras fechadas, entre outras.
Cuidado com golpes
O Banco Central alerta que todos os serviços do SVR são gratuitos e não envolvem intermediários. Golpes de estelionatários têm sido comuns, com criminosos se passando por agentes do BC para tentar obter dados pessoais ou financeiros. O Banco esclarece que apenas as instituições financeiras indicadas no sistema podem entrar em contato, e que nunca é solicitado qualquer tipo de senha ou confirmação de dados pessoais.
Portanto, os correntistas devem estar atentos a possíveis tentativas de fraude e acessar o sistema diretamente através da página oficial do Banco Central.
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