Mercado brasileiro fecha em alta com corte de juros nos EUA nesta quarta-feira (4)

O mercado financeiro brasileiro encerrou a quarta-feira (4) em alta, com o Ibovespa subindo 1,31%, aos 136.110 pontos. O movimento positivo ocorre em meio a expectativas de um afrouxamento monetário nos Estados Unidos, após a divulgação de dados fracos sobre a geração de empregos no país, o que reforçou as projeções de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed). Paralelamente, o dólar fechou praticamente estável, com uma leve queda de 0,08%, sendo negociado a R$ 5,63.

Dados de emprego nos EUA alimentam expectativas de corte de juros

A queda nas vagas de trabalho nos Estados Unidos foi um dos principais fatores que impulsionaram o otimismo no mercado brasileiro. O número de empregos disponíveis no país caiu para 7,67 milhões em julho, o menor nível desde janeiro de 2021, segundo o Bureau of Labor Statistics. Esse declínio pelo segundo mês consecutivo indicou uma desaceleração na demanda por trabalhadores, sugerindo que o Fed pode reduzir ainda mais as taxas de juros para estimular a economia.

A divulgação do Livro Bege, relatório do Fed que detalha as atividades econômicas nos EUA, também corroborou as expectativas de corte. O documento apontou que a inflação segue avançando de forma moderada em várias regiões do país, enquanto as empresas estão mais cautelosas na abertura de novas vagas. Mesmo assim, o nível de emprego permaneceu estável, sem demissões expressivas, o que sinaliza uma situação econômica ainda controlada.

Impactos no mercado brasileiro

O mercado acionário brasileiro reagiu positivamente a essas notícias, revertendo uma série de quatro pregões consecutivos de queda. O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), subiu 1,31%, encerrando o dia aos 136.110 pontos. O movimento de alta reflete o otimismo dos investidores em relação à possibilidade de cortes de juros nos Estados Unidos, o que poderia beneficiar economias emergentes, como o Brasil.

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Esse clima de otimismo se descolou do cenário global, onde as bolsas em Wall Street fecharam sem direção única, e os principais índices europeus registraram quedas. O desempenho superior do Brasil também foi impulsionado pelos resultados econômicos locais, com destaque para o crescimento acima das expectativas no segundo trimestre, o que reforçou a confiança dos investidores.

Desempenho do dólar e da inflação no Brasil

Enquanto o Ibovespa subia, o dólar se manteve praticamente estável ao longo do dia, fechando com uma leve queda de 0,08%, cotado a R$ 5,63. Durante a sessão, a moeda norte-americana oscilou, chegando a mínimas mais baixas, mas terminou o dia sem grandes variações, refletindo um cenário de cautela entre os investidores.

A estabilidade do dólar reflete as incertezas tanto no cenário externo quanto na cena local, onde o Banco Central brasileiro continua sendo monitorado de perto pelos agentes de mercado. O foco está nas possíveis decisões futuras de política monetária, à medida que a economia brasileira apresenta sinais de resiliência, mas os riscos de desancoragem das expectativas de inflação permanecem no radar.

O Banco Central do Brasil vem sendo pressionado a manter sua política monetária rígida, com possíveis elevações de juros, para conter a inflação. O desempenho sólido da economia no segundo trimestre aumenta as chances de que o BC adote medidas mais duras no curto prazo, caso as expectativas inflacionárias continuem subindo.

Destaques do pregão

Algumas empresas se destacaram no pregão desta quarta-feira. A Marfrig (MRFG3) teve alta de 7,46%, liderando os ganhos após anunciar uma união de marcas com a BRF (BRFS3). A parceria visa fortalecer as linhas de produtos das duas companhias. A marca Sadia, da BRF, agora endossa os hambúrgueres Bassi, uma linha premium de carnes nobres da Marfrig. Além disso, a Perdigão, outra marca da BRF, passa a nomear sua linha de processados bovinos como Perdigão Montana, trazendo uma renovação à marca.

Outro destaque foi a Embraer (EMBR3), que registrou alta de 5,79%, beneficiada pela notícia de que a gigante BlackRock aumentou sua participação na companhia em 5,5%. Esse movimento foi visto como um voto de confiança no futuro da fabricante brasileira de aeronaves, fortalecendo o valor das suas ações no mercado.

Por outro lado, o Bank of America manteve sua recomendação de compra para ações brasileiras em seu portfólio para a América Latina, citando uma visão positiva para a atividade econômica no Brasil e as avaliações das empresas. No entanto, o banco rebaixou sua visão para as ações da Vale (VALE3), mudando sua recomendação de “equal weight” para “underweight”, refletindo uma perspectiva mais pessimista em relação à demanda da China, principal mercado consumidor dos produtos da Vale.

Cenário global e local

O comportamento do mercado nesta quarta-feira reflete um equilíbrio entre os fatores internacionais e as condições econômicas locais. Nos Estados Unidos, a diminuição nas vagas de trabalho e a inflação moderada abriram espaço para uma política monetária mais flexível, o que beneficia os mercados emergentes, como o Brasil. Ao mesmo tempo, o desempenho sólido da economia brasileira no segundo trimestre reforça a confiança dos investidores, embora o cenário inflacionário ainda exija atenção.

Enquanto isso, as decisões futuras do Fed e do Banco Central brasileiro continuarão a influenciar os rumos do mercado. A expectativa é que o corte de juros nos EUA fortaleça ainda mais o mercado financeiro brasileiro, mas os riscos inflacionários podem limitar os ganhos a médio prazo.

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