Impacto das queimadas: picanha sobe 43,5% e café 14% em setembro

As queimadas e a seca, que afetam amplas regiões do Brasil, têm gerado impactos severos no agronegócio, resultando em um aumento expressivo nos preços de produtos essenciais, como carne, leite, café e feijão. Segundo uma pesquisa exclusiva da Neogrid divulgada pela CNN, o preço da picanha teve um salto impressionante de 43,5%, enquanto o café registrou uma alta de 14% entre agosto e setembro de 2024.

Queimadas e aumento nos preços dos alimentos

O mês de agosto foi marcado por um número recorde de queimadas em áreas de pastagem e agricultura, com as chamas destruindo uma área equivalente ao tamanho do estado da Paraíba, de acordo com o levantamento do MapBiomas. A situação crítica intensificou os danos à produção de alimentos que já vinha sendo prejudicada pela seca prolongada.

Entre os itens mais afetados, a carne bovina se destaca, especialmente a picanha, cujo preço saltou de R$ 59,62 no início de agosto para R$ 85,56 em meados de setembro. Esse aumento significativo é atribuído principalmente à migração para a criação de gado em confinamento que envolve custos mais elevados. Segundo Anna Fercher, head de Customer Success e Insights da Neogrid, “o aumento dos focos de incêndio intensificou o prejuízo sofrido pela produção de alimentos, afetando diretamente o preço da carne e dos lácteos”.

Além da carne, o leite também sofreu reajuste, subindo 9,6% no mesmo período, passando de R$ 6,02 por litro para R$ 6,60. Esses aumentos refletem a crescente pressão sobre os produtores que enfrentam desafios significativos em meio às mudanças climáticas e à destruição de áreas produtivas.

Leia também: Preço dos alimentos deve subir com estiagem e queimadas, apontam economistas

Café e feijão também registram altas expressivas

Preço do café sobe devido às queimadas. Foto: reprodução/canva.
Preço do café sobe devido às queimadas. Foto: Reprodução/Canva.

Outro produto que teve seu preço impactado pelas queimadas e seca foi o café, com um aumento de 14,4%. A produção de café, assim como o feijão, sofreu grandes perdas devido à seca e à redução da área plantada. O feijão, um dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros, viu seu preço subir em 22,1%, evidenciando a gravidade da situação.

A perda de colheitas e a antecipação forçada da entressafra estão entre os principais fatores que impulsionam esses aumentos. Fercher destaca que “os produtores estão enfrentando a perda da colheita e da área para plantio, o que acaba refletindo nos custos de produção e na disponibilidade dos alimentos, resultando em preços mais altos para o consumidor”.

A cana-de-açúcar e o impacto no açúcar refinado

O setor de cana-de-açúcar também foi duramente afetado pelas queimadas, especialmente no estado de São Paulo, onde cerca de 230 mil hectares de lavouras foram atingidos. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), isso representa aproximadamente 75% da produção de cana no estado, um número alarmante que tem consequências diretas para o mercado de açúcar.

Com isso, o preço do açúcar refinado subiu 5,9% no período analisado. Apesar de ser uma alta menor em comparação a outros produtos, reflete o impacto significativo que o clima tem sobre o agronegócio brasileiro, especialmente em áreas com grandes concentrações de monoculturas, como a cana-de-açúcar.

Consequências econômicas e ambientais

As queimadas são uma consequência direta da prática de desmatamento e da falta de controle sobre as áreas de pastagem que acabam por favorecer a propagação de incêndios em tempos de seca. Além dos danos à produção agrícola, essas práticas têm um impacto ambiental devastador, contribuindo para a degradação do solo, perda de biodiversidade e aumento das emissões de gases de efeito estufa.

O impacto no bolso do consumidor é imediato: preços de alimentos essenciais subindo rapidamente, o que agrava a situação da inflação alimentar. Com a previsão de que os incêndios continuarão a causar danos nas próximas semanas, a tendência é que os preços sigam em alta, afetando tanto o poder de compra das famílias quanto a economia como um todo.

Em um cenário global de preocupações climáticas e busca por soluções sustentáveis, o Brasil enfrenta o desafio de controlar as queimadas e preservar suas áreas de produção agrícola. O agronegócio, que é um dos pilares da economia nacional, precisa se adaptar a esses novos desafios para garantir a estabilidade dos preços e a segurança alimentar do país.

Perspectivas futuras para o agronegócio brasileiro

Com o avanço das queimadas e a persistência da seca, a expectativa é que os custos de produção continuem a subir, e esses aumentos sejam repassados ao consumidor. A necessidade de medidas de controle ambiental e de políticas públicas voltadas para a mitigação dos impactos climáticos no agronegócio torna-se cada vez mais urgente.

O setor agropecuário, que já enfrenta desafios relacionados à sustentabilidade e à redução de emissões de carbono, terá de buscar alternativas para reduzir os danos causados por práticas agrícolas inadequadas e fortalecer a resiliência das suas operações frente às mudanças climáticas. A longo prazo, o investimento em tecnologias agrícolas sustentáveis e a adoção de práticas mais eficientes podem ajudar a mitigar os impactos dessas crises ambientais e a garantir a segurança alimentar do país.

Atualize-se.
Receba Nossa Newsletter Semanal

Sugestões para você