O mercado financeiro teve um dia de alta volatilidade nesta quinta-feira (19), marcado pela queda do dólar e pela recuperação do Ibovespa. Após atingir o pico de R$ 6,30, a moeda norte-americana fechou com recuo de 2,55%, cotada a R$ 6,13.
A reação foi impulsionada por uma série de intervenções do Banco Central (BC) e expectativas renovadas no mercado doméstico.
Leilões do Banco Central estabilizam o dólar
O Banco Central realizou dois leilões nesta quinta-feira para conter a valorização da moeda norte-americana. No total, a autarquia injetou US$ 8 bilhões no mercado, com destaque para a venda de US$ 5 bilhões em uma operação à vista. Essa foi a quinta intervenção do BC na última semana, refletindo a preocupação com o avanço do dólar frente ao real.
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O esforço do Banco Central foi crucial para reduzir a pressão sobre a moeda, que havia alcançado um patamar histórico de R$ 6,26 no fechamento anterior. A intervenção contribuiu para aliviar a tensão entre investidores, que já vinham reagindo negativamente ao cenário fiscal e político no Brasil.
Ibovespa retoma crescimento
Enquanto o dólar recuava, o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, registrou alta de 0,82%, fechando em 121.464,88 pontos. Esse desempenho foi uma resposta às intervenções do BC e à percepção de que o cenário político pode trazer alguma estabilidade no curto prazo.
Na véspera, o Ibovespa havia despencado mais de 3%, marcando o pior desempenho em dois anos. A queda refletiu o pessimismo com o cenário fiscal brasileiro, agravado pela incerteza em torno da aprovação de medidas do pacote fiscal do governo no Congresso Nacional.
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Impactos da política monetária dos EUA
Outro fator que influenciou os movimentos do mercado foi a decisão do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, de reduzir os juros em 0,25 ponto percentual. Embora o corte tenha sido positivo para países emergentes como o Brasil, a sinalização de que novos cortes devem ser menos frequentes em 2025 gerou preocupações entre os investidores.
A política monetária mais restritiva nos EUA mantém o dólar fortalecido globalmente, pressionando as economias em desenvolvimento. Além disso, o ajuste no cenário internacional se soma aos desafios internos, como as dúvidas em relação ao ajuste fiscal no Brasil, para aumentar a volatilidade cambial.
Cenário fiscal brasileiro ainda preocupa
Apesar da melhora pontual no mercado nesta quinta-feira, o cenário fiscal brasileiro continua sendo um ponto de atenção. A aprovação do texto-base de uma das propostas do pacote fiscal do governo trouxe algum alívio, mas o mercado ainda teme que outras medidas importantes não sejam aprovadas ou acabem sendo esvaziadas no Congresso.
Essa incerteza fiscal adiciona volatilidade ao mercado, prejudicando a confiança de investidores estrangeiros. Muitos analistas alertam que, sem avanços concretos no ajuste fiscal, o Brasil pode enfrentar mais pressões cambiais e dificuldades econômicas nos próximos meses.
Perspectivas para o mercado
A tendência para o dólar e a Bolsa nos próximos dias dependerá, em grande parte, da continuidade das ações do Banco Central e do avanço das discussões fiscais no Congresso. Se o governo conseguir aprovar medidas robustas de ajuste fiscal, o cenário pode melhorar significativamente.
No entanto, sem sinais claros de avanço, o mercado continuará reagindo de forma instável. Por isso, analistas recomendam cautela aos investidores, especialmente em um momento de tantas incertezas no Brasil e no cenário internacional.
Em resumo, a queda do dólar e a recuperação do Ibovespa são bons sinais de curto prazo, mas ainda há muitos desafios a serem enfrentados para garantir uma estabilidade sustentável no mercado financeiro brasileiro.